Ana Luís, Presidente da AdP VALOR, abriu a sessão com uma intervenção sustentada na premissa de que a água é só uma, mas tem várias vertentes, usos e necessidades que devem ser conciliadas.

A temática foi desenvolvida por especialistas de diferentes áreas, em três painéis de reflexão sobre a relação entre a Água e o Turismo e Mar, a Saúde e Segurança e a Agricultura e Indústria, numa sessão aberta ao público.

No dia 20, seguiu-se uma jornada técnica de trabalho destinada a profissionais do Grupo Águas de Portugal. 

No primeiro painel, a conversa, dirigida por Teresa Fernandes, da Águas do Algarve, juntou Ruben Eira, da Fórum Oceano, Sandra Pires, do Turismo de Portugal e Pedro Lopes, do Grupo Pestana, tendo este último focado a sua intervenção na adaptação das unidades hoteleiras no Algarve à escassez de água que tem afetado a região, destacando o recurso à água para reutilização na rega dos campos de golfe, através da parceria firmada com a Águas do Algarve.

Ainda sobre a gestão da situação de seca no Algarve, foram referidos os excelentes resultados da criação do selo de eficiência hídrica “Save Water”, pela ADENE, iniciativa que permitiu aos hotéis algarvios reduzir em 22% o consumo de água. 

Sandra Pires, por seu lado, sublinhou que a gestão dos recursos hídricos tem sido uma prioridade do Turismo de Portugal, que aposta na sensibilização dos turistas em relação ao uso da água: “O Turismo quer ser parte da solução e não do problema”, sublinhou.

Rúben Eiras, Secretário-Geral do Fórum Oceano, focou a sua intervenção na promoção da qualidade da água nas zonas costeiras, que considera essencial, sobretudo dirigida ao turismo de cruzeiros, que é um dos principais responsáveis pelo crescimento de visitantes a Portugal.

 

Neste painel, moderado por Lisete Oliveira, da Águas do Centro Litoral, participaram Tiago Oliveira, Presidente do Conselho Diretivo da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, Jorge Vazquez, Vogal do Conselho de Administração da EDIA, e Graça Freitas, ex Diretora-Geral da Saúde.

Na opinião de Graça Freitas, a qualidade da água para beber e o devido tratamento das águas residuais foram determinantes para que o nosso país se tenha desenvolvido, sobretudo a partir de 1974. Não deixou ainda de lembrar a pandemia Covid-19, sublinhando que nunca faltou água durante esse período, o que muito contribuiu para manter a qualidade de vida das pessoas.

Jorge Vazquez referiu que a Convenção de Albufeira é um caso exemplar e de referência internacional para uma boa gestão de rios internacionais entre dois países e destacou a relevância do empreendimento de Alqueva, a “maior albufeira artificial da Europa”, para dar resposta às necessidades dos diferentes utilizadores de água e pelo contributo para o desenvolvimento do território. Defendeu que, para fazer face aos efeitos das alterações climáticas, é indispensável que a engenharia esteja ao serviço da água, considerando prioritário a construção de novas soluções de armazenamento de água que ajudem a fazer face à escassez.

Tiago Oliveira referiu a importância da floresta para a boa gestão hídrica do país. “Sem florestas não há água”, por serem basilares na infiltração e retenção de água nos solos, manifestando que, além da destruição da biodiversidade, também a este nível os incêndios têm consequências na saúde e na vida das pessoas. 

No último painel do dia, Marcos Batista, da Águas do Tejo Atlântico, juntou Leonor Freitas, Presidente da Casa Ermelinda Freitas, Jaime Braga, Secretário-geral da Associação Portuguesa dos Produtores de Bioenergia, e Francisco Gomes da Silva, Diretor-geral da AGROGES.

A Casa Ermelinda Freitas tem uma ligação ao Grupo Águas de Portugal, através da SIMARSUL, empresa com a qual mantém uma parceria de sucesso ao nível da gestão dos usos de água e de tratamento de efluentes. Leonor Freitas sublinhou a importância desta parceria, que permitiu a melhoria do funcionamento da sua ETAR e a redução de consumos através da reutilização da água dos processos, entre outros aspetos positivos.

Jaime Braga lembrou o início da sua carreira, em que a preocupação com o consumo de água não existia. Neste momento, e com maior consciência da escassez deste recurso, considera que a água com qualidade para consumo humano é uma prioridade, mas considera que a água é também relevante como matéria-prima para a agroindústria e para a produção de alimentos. Sublinhou que os “resíduos são um recurso”, dando como exemplo as águas residuais como matéria-prima para produção de biometano.

Relativamente à vertente da agricultura, Francisco Gomes da Silva sublinhou que a água para reutilização, proveniente do tratamento das águas residuais, pode ter diferentes destinos e na sua opinião deve ter maiores volumes de produção para dar resposta às necessidades do regadio. Destacou também a produção de fertilizantes agrícolas a partir de lamas de ETAR como uma valência importante na economia circular da água.

Na ocasião, foi celebrado um protocolo de cooperação entre o Grupo Águas de Portugal e o Instituto Superior de Agronomia, entidades que partilham as preocupações com a promoção da sustentabilidade, a inovação tecnológica, a boa gestão no domínio do ambiente e dos recursos naturais, visando reforçar a colaboração nos domínios da educação, investigação e projetos de sustentabilidade.

Neste âmbito poderão ser realizados, nomeadamente, estágios curriculares, teses de mestrado e doutoramento; a formação, por parte do ISA, a quadros do Grupo AdP, em áreas de interesse comum; projetos de investigação e desenvolvimento, nomeadamente relacionados com economia circular (ApR, lamas, recuperação e valorização de nutrientes de águas residuais, entre outros); projetos conjuntos no domínio da economia circular focados no setor agrícola e florestal e, ainda, o desenvolvimento de projetos tendo em vista a implementação da utilização de ApR - Água para Reutilização, em projetos de investigação na área agrícola e florestal assim como para rega dos espaços verdes do campus do ISA.

No dia 20 decorreram as sessões técnicas, com a participação de cerca de 200 profissionais das empresas do Grupo Águas de Portugal, num momento de partilha de boas práticas e de conhecimento. 

Esta edição desenrolou-se com apresentações das diferentes empresas do Grupo, agrupadas nas seguintes temáticas: “Inovação e Digitalização”, “Energia e Performance”, “Ativos Inteligentes e Resilientes”, “Resiliência de Sistemas”, “Desafios e Riscos” e “Engenharia e Operação”. 

As Jornadas de Engenharia do Grupo Águas de Portugal são um evento anual organizado pela AdP VALOR, empresa do Grupo Águas de Portugal vocacionada para as áreas da inovação, digitalização, engenharia e economia circular visando a partilha de conhecimento e de experiências, o networking e a discussão de desafios e oportunidades de valorização das atividades desenvolvidas pelas empresas do Grupo.

Re(veja) a sessão aberta ao público aqui.