Valorização da paisagem e da biodiversidade


Uma correta gestão do ciclo urbano da água deve assentar num compromisso de equilíbrio entre as mais-valias que aporta às populações e às atividades económicas e os impactos que pode gerar nos serviços dos ecossistemas.

Intimamente dependentes e relacionadas com os ciclos da natureza e com uma atividade fundamental para a despoluição e conservação dos meios aquáticos e terrestres, as empresas gestoras de sistemas de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais do grupo Águas de Portugal têm contribuído largamente para a proteção da natureza e da biodiversidade em resultado direto da sua operação ou, nos casos em que tal se afigura necessário, através da implementação de medidas de prevenção, minimização e compensação relacionadas sobretudo com a proteção e valorização da envolvente natural e humana das suas infraestruturas.

Proteção da paisagem e da biodiversidade nas áreas envolventes às infraestruturas


undefinedAs atividades que constituem o core business do grupo AdP – o abastecimento de água, o saneamento de águas residuais e o tratamento e valorização de resíduos – favorecem a despoluição e conservação dos meios aquáticos e terrestres, contribuindo para a proteção da natureza e da biodiversidade.

Para reforçar os impactos positivos e prevenir potenciais impactos negativos relacionados com a construção de infraestruturas de grande dimensão, o Grupo AdP tem vindo a desenvolver medidas que se destinam a proteger a biodiversidade na área de obra, nomeadamente através da realização de estudos de impacto ambiental que definem ações de minimização e de monitorização ambiental ao longo de todas as fases do ciclo de vida dos nossos projetos.

A identificação de áreas protegidas e os estudos de caracterização de biodiversidade são exemplos de boas práticas que o Grupo tem vindo a adotar, que permitem identificar as espécies que se encontram na área de concessão, contribuindo desta forma para a sua proteção e, por via da divulgação e sensibilização da população, para a valorização da riqueza natural da região.

Por exemplo, no âmbito da construção da Barragem do Pinhão, em Trás-os-Montes e Alto Douro, foram construídos caminhos para a passagem da Toupeira-de-água e da Lontra. Foi também assegurada a recuperação de alguns troços da galeria ripícola não atingida pelo nível da água, através da introdução de mais espécies autóctones e a melhoria dos povoamentos piscícolas da albufeira pela introdução de espécies autóctones e características da bacia do Douro.

A sul, no âmbito da construção da Barragem de Odelouca, no Algarve, foi implementado um vasto programa de medidas de minimização, compensação e sobrecompensação ambiental na área de influência da barragem, nomeadamente de  recuperação e manutenção do habitat do Lince Ibérico.

O projeto envolveu a construção de um Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, na serra algarvia, com o objetivo de aumentar a população da espécie em cativeiro; projetos de fomento das populações de coelho-bravo; e o estabelecimento e melhoramento de corredores ecológicos com o objetivo de garantir condições de habitat favoráveis (para o lince e presas).

Estão ainda em curso medidas que visam monitorizar as comunidades piscícolas do estuário do Arade; promover a conservação e a reabilitação das galerias ribeirinhas e corredores fluviais na bacia hidrográfica do Arade e o restauro de habitats de grandes rapinas, em especial, da Águia de Bonelli, espécie considerada de conservação prioritária no espaço comunitário.

Através do investimento em sistemas de saneamento robusto, considerados dos mais modernos e inovadores da Europa, o Grupo AdP contribuiu decisivamente para a despoluição do estuário do Tejo que, no final do século XX, estava em risco devido ao tratamento de águas residuais ineficaz, às cheias constantes e às praias poluídas. A maior eficácia nos sistemas de saneamento conseguida permitiu a contribuição significativa para a redução das descargas poluentes e a conservação da biodiversidade e restauração de habitats deste estuário que constitui uma reserva natural única servindo de habitat a centenas de espécies animais. Em resultado, por exemplo, passaram a ser mais frequentes as visitas dos golfinhos no rio Tejo, o que traduz a melhoria da qualidade da água, que possibilita a existência de peixe para se alimentarem.

Redução dos impactos associados à presença de infraestruturas


undefinedA preocupação com a envolvente das infraestruturas traduz-se também em aspetos como a sua integração paisagística, considerando o impacto visual, quer em contexto rural, quer em malha urbana, bem como necessidades de desodorização e de controlo de ruído, constrangimentos relacionados com a fase de obra, entre outros.

Neste âmbito, destaca-se o caráter inovador da nova ETAR de Alcântara, em Lisboa, construída sob um telhado verde com cerca de dois hectares, permitindo esta solução diminuir o impacto paisagístico da existência de uma ETAR de grandes dimensões (construção em betão), no meio da cidade, junto a um Parque Natural, beneficiando ainda de um bom isolamento térmico e acústico e da diminuição da área impermeável às águas pluviais, contribuindo desta forma para uma atenuação das cheias. Este telhado diminui ainda o aquecimento global, pois absorve os raios solares que refletiriam, aquecendo o ar atmosférico. Ao mesmo tempo as plantas sintetizam o CO2 do ar, convertendo-o em oxigénio através da fotossíntese.

Outros exemplos de infraestruturas parcialmente enterradas ou camufladas existem um pouco por todo o país, com especial enfoque em zonas turísticas e balneares, como é o caso, no Algarve, da ETAR de Vale Faro, em Albufeira, construída sob um campos de ténis e parque de estacionamento; em Alcobaça, a ETAR de Vale Paredes, implantada sob um campo de futebol e equipamentos de apoio à praia; e, ainda, a nova ETAR da Guia (fase líquida), em Cascais, onde o edifício antigo junto ao mar de arquitetura militar tipo fortaleza foi mantido e complementado com um novo edifício construído terra adentro.

A implementação de soluções de desodorização, especialmente relevante no âmbito do tratamento de águas residuais, é realizada não apenas em infraestruturas construídas de raiz, mas também no âmbito de obras de beneficiação, como é exemplo a ETAR de Olhalvas, em Leiria, cujo projeto de remodelação contemplou um sistema de desodorização, tendo sido fechados todos os locais que, potencialmente, podiam emanar odores e dotados de sistemas de ventilação que conduzem o ar para os sistemas de desodorização, antes de ser libertado para a atmosfera, já desodorizado.